sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Visita Lisboa antes do terramoto de 1755



Foi no dia 1 de Novembro de 1755 que Lisboa viu um dos maiores terramotos da História e que foi muito devastador. Agora, ao usar a tecnologia de ambiente virtual "kitely", pode-se passear pela primeira vez nas ruas, praças, e edifícios da cidade, tal como era antes de ter acontecido essa catástrofe. 

É um projecto que se chama "Cidade e Espectáculo: uma visão da Lisboa Pré-Terramoto", que foi desenvolvido por uma equipa coordenada pelos historiadores Alexandre Gago da Câmara, Helena Murteira e Paulo Rodrigues, que são investigadores do Centro de História da Arte e Investigação Científica (CHAIA) da nossa Universidade de Évora.

Fig.1 - Planta construída no ambiente virtual "kitely" onde mostra o centro de Lisboa antes do 1 Novembro 1755.


Para saber mais sobre o projecto e ter contacto com o mundo virtual que recria Lisboa antes do terramoto é só entrar no site e seguir as instruções: http://lisbon-pre-1755-earthquake.org/ ou http://betatechnologies.info/kitely-pt




Fonte:

http://expresso.sapo.pt/visite-lisboa-antes-do-terramoto-de-1755=f763402

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

O que aconteceu no Brasil durante o Período Pombalino?



                                                   Fig.1 - Exemplo de Capitanias Hereditárias.


Com a crise que Portugal estava a sofrer, foram muitas as pessoas que foram para o Brasil e foi nessa altura que se viu mais pessoas livres do que escravos. A principal actividade económica da época era a mineração, mas foram criadas outras complementares o que veio a culminar a criação do comércio interno. Com isso, Portugal aumentou a exploração sobre a colónia, com a realização de reformas administrativas e fiscais, que vieram a multiplicar os impostos. Com este aumento de população era necessário um plano de educação que já estava a ser realizado pelos jesuítas. Mas, como Marquês de Pombal estava descontente com a falta de poder que a corte tinha sobre os jesuítas, expulsou-os do Brasil e de Portugal, como já foi referindo numa postagem mais antiga aqui no blog.


As escolas foram obrigadas a fechar e assim foi realizada uma verdadeira reforma na educação. Marquês de Pombal queria que os índios substituíssem o trabalho braçal da Amazónia, por isso criou a Vila Pombalina de modo a controlar os indígenas a nível económico e social. Dentro dessa vila existiam duas escolas: uma para meninas e outra para meninos, e todos estavam proibidos de falar língua indígena. Além disso, ainda criou aulas régias de latim, grego e retórica, e cada aula era dirigida por um único professor e nenhuma tinha ligação uma com a outra. O problema é que Pombal queria educar as pessoas para puro interesse do Estado, mas ele não tinha sequer a mínima ideia do que estava a fazer. Foi aí que no ano de 1798, através da Carta Régia de D.Maria I, os índios começaram a ser integrados na sociedade, as suas aldeias foram transformadas em vilas e eles poderiam casar com portugueses. Todos os planos que Pombal tinha não vieram a dar certo.

Com a educação em crise, no ano de 1772 foi instaurado o Subsídio Literário, que tinha como finalidade estimular os professores ao aumentar o salário e haver a realização de manutenção do ensino primário e médio através de impostos que eram cobrados sobre a carne, o vinho, o vinagre e a aguardente. O problema que aqui houve foi que nunca foi posto em prática regularmente.

Marquês de Pombal também veio a acabar com as capitanias hereditárias*, onde trocou a capital que na altura era Salvador pelo Rio de Janeiro, onde criou duas companhias de comércio (Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão/Companhia Geral de Pernambuco e Paraíba) e veio a aumentar a cobrança dos impostos sobre a exploração do ouro, o que veio a culminar a Inconfidência Mineira.

Depois da morte de Pombal, foram várias as medidas que vieram a ser anuladas. O Período Pombalino veio a terminar de facto, com a chegada da família real ao Brasil em 1808.




Capitanias hereditárias*: D. João III dividiu o Brasil em faixas compreendidas do litoral até à linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. As faixas eram denominadas de Capitanias hereditárias.




Fontes:

http://books.google.pt/books?id=vxatL5Q2mVQC&pg=PA35&dq=per%C3%ADodo+pombalino&hl=pt-br&ei=bpvBTOPNEo2fOtTTiZ8M&sa=X&oi=book_result&ct=result&redir_esc=y#v=onepage&q=per%C3%ADodo%20pombalino&f=false

http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/

http://books.google.pt/books?id=9ZyCdrVMe30C&pg=PA25&dq=per%C3%ADodo+pombalino&hl=pt-br&ei=bpvBTOPNEo2fOtTTiZ8M&sa=X&oi=book_result&ct=result&redir_esc=y#v=onepage&q=per%C3%ADodo%20pombalino&f=false

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

“Para o socego e tranquilidade publica das Ilhas”: fundamentos, ambição e limites das reformas pombalinas nos Açores. José Damião Rodrigues


21 • Tempo

“Para o socego e tranquilidade
publica das Ilhas”: fundamentos,
ambição e limites das reformas
pombalinas nos Açores*


José Damião Rodrigues**


Pode-se dizer que Sebastião José foi mais ruidoso
como reformador, do que coerente como político.
Agustina Bessa Luís, Sebastião José.

     Este artigo apresenta uma reinterpretação das reformas pombalinas no atlântico português, propondo como estudo de caso os Açores. As reformas de 1766 são perspectivadas no contexto da crise fiscal do Estado e analisadas segundo a tradição cameralista, à luz dos conceitos de “razão de Estado” e de “polícia”, comentando-se os objetivos e os limites do programa reformista no quadro das relações centro-periferia.
Palavras-chave: Marquês de Pombal – Razão de Estado – Século XVIII


* Artigo recebido em janeiro de 2006 e aprovado para publicação em abril de 2006. Ele é uma versão condensada da conferência que apresentamos no âmbito da VIª Jornada Setecentista, organizada pelo CEDOPE, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 3 a 5 de outubro de 2005.
** Professor da Universidade dos Açores/CHAM. E-mail: jdamiaorodrigues@hotmail.com.
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     Os assinaláveis progressos registrados nas últimas décadas pelas historiografias portuguesa e brasileira permitiram rever alguns modelos interpretativos, moldados no paradigma da “centralização”, e desfazer — ou começar a desfazer — mitos e equívocos relativos ao Antigo Regime, no reino e no império português. No entanto, apesar das edições publicadas por ocasião do duplo centenário da morte do marquês de Pombal e de relevantes contribuições no campo da história económica e social, um dos períodos que menos se tem beneficiado com a renovação historiográfica é, em nosso entender, o reinado josefino, coincidindo com a presença de Sebastião José de Carvalho e Melo nos gabinetes do poder.
       De um modo geral, o período pombalino tem sido perspectivado mais em termos de ruptura do que de continuidade, buscando-se naquela as marcas da “modernidade” do Iluminismo. Segundo esta lógica, e coincidindo praticamente com a ascensão de Pombal, o Iluminismo adquiriu em Portugal uma “feição de Estado”, no contexto do “despotismo esclarecido”, verificando-se uma aliança entre Iluminismo e política. No âmbito do reformismo ilustrado português, Sebastião José de Carvalho e Melo seria “um agente do espírito científico iluminista” e, com ele, a monarquia pretenderia concretizar o projeto de formação de um novo quadro humano e institucional a serviço do centro político. Ora, tal linha interpretativa, assente numa representação holista e “otimista” do movimento ou do programa filosófico e cultural do Iluminismo, secundariza todo o esforço de revisão historiográfica que se tem operado desde a década de 1990 em relação ao conteúdo e ao uso das categorias históricas e analíticas “Iluminismo” e “despotismo iluminado”. Com efeito, embora sem conquistarem a unanimidade entre os historiadores, novos ângulos de análise modificaram o mapa conceptual do Iluminismo, chamando a atenção para a importância dos diferentes contextos nacionais e regionais e para a existência de vários centros de gravidade intelectual na Europa do século XVIII, o que se traduzia numa multiplicidade de vozes e de sentidos, em suma, de Iluminismos, em cujo contexto a França surge como o contra-exemplo. Em contraste com este estilhaçar do Iluminismo, e salvo algumas posições dissonantes ou mais reservadas, a maioria dos textos vindos a lume recentemente no universo lusófono mostra-nos ainda uma representação idealista e teleológica do Iluminismo em Portugal. Ora, apesar de ser possível detectar no conjunto do período dito pombalino as afirmações de um novo ideário — na sequência de resto, de um processo iniciado na primeira metade de Setecentos e onde pontificaram grandes nomes da cultura portuguesa —, cremos que se justifica uma certa prudência na aplicação uniforme de uma grade de leitura iluminista às décadas do reinado josefino. Com efeito, devemos atender à cronologia, ao peso das convenções herdadas, às tensões e às diferenças que existiram no seio do movimento das Luzes, mormente “a preponderância do alinhamento católico das Luzes em Portugal”, que introduz um contraste com algumas das correntes do pensamento iluminista europeu, e à coexistência do “antigo” e do “moderno”.

      Em suma, importa contemplar as continuidades e não ignorar a complexidade e a “contrapolaridade inquestionável” do Iluminismo, nomeadamente no espaço português e ibérico, sob risco de empobrecimento da história cultural e intelectual de Setecentos. Esta relativização da importância do período dito pombalino, enquanto momento de afirmação das Luzes em Portugal, sublinha “as limitações de abertura da modernidade do pombalismo” e a provável desconfiança do poder face ao fermento de idéias e a alguns dos princípios defendidos por certas correntes iluministas. Não é este o espaço para retomarmos o debate em torno do pombalismo, do seu “projeto” e eventual “modernidade” e dos respectivos fundamentos teóricos. Mas se, como defendem certos autores, existiu um projeto pombalino para as sociedades portuguesas, a do reino e as do império, interessa saber como é que a monarquia o procurou materializar, quem foram os seus agentes e quais as resistências que encontrou. É inegável o papel central que a legislação da monarquia detinha a nível do ordenamento social e das relações de poder. No entanto, se os textos legislativos estabeleciam as coordenadas de legitimidade que deviam balizar a atuação dos oficiais régios e o comportamento dos vassalos, a nível da sua aplicação, o resultado social caracterizava-se por uma amplitude de situações, que exigem ser estudadas para um melhor esclarecimento da “microfísica do poder”, isto é, da interação entre os atores sociais e da importância dos contextos locais nos jogos de poder e na concretização das práticas de dominação. 





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